Até mais Dirceu Quintino, nosso Capelão Tchutchuca 

Quis o destino que esse grande ser humano Dirceu Quintino partisse, no mesmo dia de retorno da Copa Alvorada de Futsal, realizada no Ginásio

Até mais Dirceu Quintino, nosso Capelão Tchutchuca  Antônio José de Oliveira Quintino faleceu nesta manhã de 5 de abril de 2022 Notícia do dia 05/04/2022

Ainda sobre forte carga de emoções pelas diversas manifestações de carinho que eu recebi pela passagem do meu aniversário e da minha alma gêmea Judson Lima, desperto e sou informado no nosso grupo da repentina partida do colega Dirceu Quintino. Minhas solidariedades aos seus filhos e família.

Um misto de tristeza e saudosismo me remeteu essa triste notícia sobre o Dirceu. Tristeza, lógico, pela morte de um ser humano, pai, trabalhador, comunicador e ex-colega de trabalho. 

 

Dirceu Quintino entrou na Rádio Alvorada no começo dos anos 2000. A emissora é a verdadeira faculdade e laboratório do Baixo Amazonas. Sem pestanejar. A parte teórica deixo pra UFAM. Mas essa é outra história. Dirceu e o grande motorista Jorge Mar Brasil eram os caras do veículo da emissora. Jorge Mar mais bravo e Dirceu mais tranquilo. 

Nessa época, a emissora estava passando por várias mudanças. Novos profissionais chegando e saída de outros. 

 

Dona Raimunda Ribeiro da Silva sempre permitiu que qualquer trabalhador que ingressa na Rádio, se tivesse vontade, poderia conseguir avançar para os diversos departamentos. Dependia mais da perspicácia da pessoa. Dirceu entrou na emissora como vigia, depois motorista substituto. Já era quarentão. Experiente que já tinha atuado muito no setor público da prefeitura. 

 

Foi jogador do Esporte Clube Parintins e era apaixonado torcedor do Nacional. Também era um ótimo eletricista. A idade, no entanto, não o impediu de “querer mais” na emissora e assim foi. Pegando ralho, xaveco às vezes e incentivo, o velho Dirceu conseguiu a oportunidade em ser operador de áudio sonoplasta, ser locutor e cinegrafista. É o multiprofissional de hoje. Dirceu sempre contava como testemunho que um dia não quis mais saber de bebida alcoólica. E nunca mais bebeu. Isso o fez melhorar muito como ser humano, gabava-se com orgulho. 

 

Na nossa época pelos corredores da Rádio, dirigida a mão de ferro pela dona Raimunda, todo mundo tinha um apelido. Eu era o “Cara de Caçamba” ou “Loirinho”, o Carlos Alexandre “Contrapeso”, o Aroldo Bruce “Orelha de Abano”, o Carlos Paulain “Sapinho”, o saudoso Tadeu de Souza “Pombo Roxo”, o Marcos Pontes “Rede Fede” ou “Cabeçudo”, o saudoso Altair Costa era o “Nariz de Nós todos”, o saudoso Aderaldo Reis “Veve”, o Elinaldo Tavares “Cachorrão”, Flávio Luiz “Galinho”, Pedro Freitas “Careca”, Valdo Garcia “Gago”, Jorley Tavares “Soneca”, Marcos Azevedo “Tranquilo”, o Cleimer Carneiro “Touro Bandido”, o Jota Lima “O velho do Esporte”, o Edinho Alonso “Ronda Lesa”, o Paulo Jorge "Prefeito da Sabina”, Oniris de Alcântara “Barrigudo”, o Didi Duarte “Coração da Rádio” e assim por diante. A maioria dos apelidos eram aplicados aos mais novos pelo Altair Costa, na nossa época. Altair, aliás, que ensinou e incentivou bastante o Dirceu na questão da filmadora anos mais tarde. Quem ganhava o apelido se ficasse bravo, pior era. RSRSRS. 

Infelizmente, Altair Costa e Aderaldo Reis morreram vítimas do desgraçado vírus da COVID-19, em 2021. 

Numa manhã do dia 09 de fevereiro de 2003, ocorreu a morte do Padre Francisco Luppino, missionário italiano do PIME, que era o principal articulador desde Dom Arcângelo Cerqua da Diocese. Padre Luppino era tão articulado que os candidatos a governo ou governadores do Amazonas, quando chegavam a Ilha, tinham de ir até a casa de Padre Luppino. Mas essa também é outra história. 

Padre Sóssio Pezella, naquela triste manhã, ligou para a emissora e pediu para ser anunciada a morte do Padre Luppino. O operador de áudio anotou o recado. Procurou um locutor para fazer a leitura no ar. Não tinha ninguém. Nenhum locutor seja na Rádio Alvorada FM ou na Alvorada AM naquele horário. Mas estava o Dirceu, o vigia. Ali estava a oportunidade. O Operador entregou o rascunho. Ligou o botão e Dirceu estava no AR. Como todo o iniciante, Dirceu Quintino, claro ficou nervoso, a voz não saiu. Saia meio tremula. Meio atrapalhada. Mas a nota de falecimento saiu. Após aquela famosa vinheta “Atenção, atenção…”.

 

A correria foi geral. E claro, dona Raimunda deu bons ralhos na galera de locutores. Mas ouviu que Dirceu queria também ser locutor. Como sempre, dona Raimunda ralhou. Mas depois o deixou bem à vontade para ir treinando. A galera, claro, não perdoou. E deu logo o apelido ao novo locutor Dirceu Quintino virou "Capelão Tchutchuca”. Depois só “Tchutchuca”. 

Ainda foi nomeado como diretor do Campo da Rádio para organizar os times que podiam ou não podiam jogar no espaço. Por isso, demos o nome de campo “Zazazão Quintino Alonso”. Dirceu era zagueiro do nosso time. A bola passava, mas o adversário não. Dirceu era carrasco na zaga.

Sair da emissora em 2010. Depois de 13 anos atuando e migrei para as mídias digitais e redes sociais. Dirceu Quintino “Tchutchuca” seguiu na emissora. Voltei algumas vezes fazendo programa particular na emissora. E esbarrava com Dirceu na emissora e dávamos boas risadas. 

Ele sempre sendo multiprofissional e prestativo; era vigia, eletricista, radialista, cinegrafista e motorista. Dirceu comandou o "Paradão da Saudade” aos sábados na antiga Alvorada AM. Naquele espaço ficava realizado. Também passou a ser operador na Rádio Alvorada FM. 

 

Na noite do dia 04 de abril de 2022, alguns colegas foram até minha residência e tomamos boas cervejas e jogamos conversas. Eu e o Carlos Alexandre, inclusive, passamos quase uma hora contando hilárias histórias vivenciadas dentro da Rádio. E vieram vários episódios com o Dirceu.  

 

Hoje, no amanhecer do dia 05 de abril, somos surpreendidos pela morte do Dirceu. Quis o destino que esse grande ser humano Dirceu Quintino partisse, no mesmo dia de retorno da Copa Alvorada de Futsal, realizada no Ginásio. De certeza terá muitas homenagens para o Dirceu. Que é mais do que merecido para esse polivalente homem. Até um dia, grande Antônio José de Oliveira Quintino,  Dirceu Quintino o nosso eterno “Tchutchuca”.

 

Texto: Hudson Lima 

(92) 991542015